Oportunidades para indústrias de SC am por ter presença externa - fazendo relacionamento com lideranças do governo Trump, ampliar mercados e desenvolver novas parcerias e contar com apoio dos clientes

Florianópolis, 21.05.2025 – A Federação das Indústrias de SC (FIESC), por meio da Academia FIESC de Negócios, promoveu nesta quarta-feira (21), em Florianópolis, a imersão “Fator Tarifaço”. O evento segue nesta quinta-feira. Confira como foi o primeiro dia da imersão:

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Como se adaptar à nova economia política dos EUA?
MARCOS TROYJO

Marcos Troyjo, economista, sociólogo e diplomata, avaliou que a maior ameaça para a economia brasileira não é o incremento de tarifas, mas sim a concorrência com os EUA por investimentos estrangeiros. Ele explicou que a intenção do governo Trump de reduzir a carga tributária para corporações, faz com que os EUA em a competir com o Brasil, onde a carga tributária é superior.

" Hoje somos responsáveis por apenas 1,1% de tudo o que os norte-americanos compram do mundo. Existe um teto muito grande para nós crescermos. Mas o jogo mudou, e  precisamos aprender a jogar."

As principais recomendações de Troyjo para as indústrias exportadoras são:

  1. As empresas e os países não contarão com órgãos de arbitragem como a OMC para contenciosos. Terão de recorrer à arbitragem privada, contratando escritórios de advocacia dos EUA. 
  2. As conversas entre o governo dos EUA e o governo brasileiro tendem a ser pouco frutíferas. Empresas brasileiras precisam desenvolver seus próprios relacionamentos em Washington.
  3. Importadoras dos EUA são a mais efetiva fonte de pressão e o caminho de negociação.  O seu comprador é o seu melhor amigo.

 

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Oliver Stuenkel recomenda que indústrias atuem proativamente nos EUA para defender interesses. (Foto: Filipe Scotti)
Oliver Stuenkel recomenda que indústrias atuem proativamente para defender seus interesses nos EUA. (Foto: Filipe Scotti)

Trump e o Futuro da Ordem Global: Implicações para o Brasil
OLIVER STUENKEL

O especialista em risco geopolítico, colunista e professor na FGV-SP, Oliver Stuenkel, afirmou que o momento atual é representativo do desgaste do consenso liberal nos EUA, que entre 1990 e 2015 propiciou a unipolaridade dos EUA. Nesse período, o país assumiu o protagonismo e teve capacidade de implementar e promover regras internacionais, exercendo influência global enorme.

"Embora os EUA devam ser o país mais afetado pelo incremento das tarifas, é pouco provável que se volte ao período anterior. A grande incerteza é até onde Trump está disposto a ir, já que existe risco de estagflação nos Estados Unidos, afetando a economia."

Stuenkel destacou que as principais implicações desse ambiente geopolítico para as empresas brasileiras são:

  1. Brasil como alternativa a investimentos, já que está longe do risco geopolítico
  2. Ambiente de maior instabilidade, prejudicando a previsibilidade
  3. Aumento dos estoques, inflação e adiamento de investimentos
  4. Dificuldades para o diálogo com EUA

“ É fundamental que estados e empresas brasileiros atuem ativamente em Washington, diante de uma atuação tímida do Itamaraty. Os estados precisam cumprir essa lacuna, com uma atuação ágil, conhecendo a cidade e as pessoas que influenciam as decisões.” 

Entre as recomendações de Stuenkel para as indústrias que desejam ser ativas no comércio internacional estão:

  1. Investir em monitoramento geopolítico para tomar decisões estratégicas
  2. Evitar a dependência de um único mercado, ampliando parcerias 
  3. Incentivar governos estaduais e terem postura diplomática mais ativa no novo cenário global

 

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Fabrizio Amcham
Para AMCHAM, Santa Catarina está mais vulnerável e exposta a efeitos do novo cenário nos EUA. (Foto: Filipe Scotti)

Nova istração dos EUA e seus impactos para o Brasil
FABRIZIO SARDELLI PANZINI

O diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais na AMCHAM, Fabrizio Sardelli Panzini, afirmou que Santa Catarina tem uma exposição e está mais vulnerável às tarifas norte-americanas do que os demais estados brasileiros. Não só porque os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do estado, mas também porque uma parcela significativa das exportações catarinenses é de produtos que estão sendo investigados e podem sofrer sobretaxação.

“A expectativa da AMCHAM é que os produtos sujeitos à investigação devem ter tarifas elevadas de cerca de 25% e persistentes. Os casos mais graves são do aço, alumínio, de madeira e autopeças.”

Para SC, esse cenário seria especialmente desafiador já que no segmento de madeira, o estado é o principal exportador brasileiro para os EUA. O setor de móveis - afetado pelas investigações - também tem no mercado norte-americano seu comprador prioritário.

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Constantin Jancsó
Bradesco revisou crescimento do PIB após primeiras negociações para 1,9% em 2025. (Foto: Filipe Scotti)

A economia e o tarifaço
CONSTANTIN JANCSÓ

O economista do Bradesco Constantin Jancsó destacou em sua apresentação que, embora setorialmente o tarifaço de Trump possa ter impactos relevantes, na economia como um todo o efeito tarifas não será tão significativo. Para ele, a redução do crescimento mundial é um dos principais fatores adversos.

Ele explicou que o Bradesco revisou projeções de crescimento do PIB brasileiro em abril para 1,6%, frente a fevereiro (2,2%) e que hoje, após as primeiras rodadas de negociação, a expectativa é de crescimento de 1,9% para este ano e de 1,3% para 2026. Ele destacou, no entanto, que ainda vivemos um período de muita incerteza. Os EUA têm dois caminhos para reduzir seu déficit comercial, um é por meio de imposição de tarifas e o outro é por meio de fomento ao superávit comercial.

“Existe o risco de as negociações bilaterais contemplarem o compromisso de os países comprarem mais dos EUA. Isso afetaria a soja brasileira, por exemplo, e demais produtos em que concorremos por mercados com os Estados Unidos, se esse fator entrar nas negociações bilaterais."

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Pablo Bittencourt
Para FIESC, economia mundial sofre com alta de tarifas e momento ainda é de incerteza. (Foto: Filipe Scotti)

O que esperar da disputa entre EUA e China
PABLO BITTENCOURT

Para o economista-chefe da FIESC, Pablo Bittencourt, o principal reflexo das tensões é um crescimento menor da economia mundial. Ele corrobora a visão de que ainda há muita incerteza sobre como ficam os círculos de influência de cada uma das potências - EUA e China - com a ruptura do cenário anterior.

“O valor da transformação industrial da China hoje é quase duas vezes maior que o dos EUA. São US$ 4,69 trilhões para a indústria chinesa contra US$ 2,5 trilhões para os Estados Unidos, apesar de os norte-americanos terem um PIB de 27,7 trilhões, contra US$ 17,7 trilhões.”

 

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