Principais mercados globais aram a exigir padrões ambientais e sociais elevados de seus fornecedores, e a indústria de Santa Catarina fez o dever de casa.

Pode-se dizer que um grande despertar da consciência ambiental da indústria catarinense se deu na década de 1990 – ainda que sejam notórios diversos casos de indústrias que se associaram à conservação do meio ambiente desde o século 19. Foi uma onda: empresas de todo o Estado aram a se equipar com sistemas de tratamento para acelerar o processo de recuperação dos corpos hídricos, que em alguns casos ainda recebiam efluentes sem tratamento. Ao mesmo tempo, deixaram de emitir gases com partículas pesadas.

A tendência era motivada por múltiplos fatores. Um deles era certamente a tomada de consciência, em um contexto de ECO 92, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, que trouxe uma enxurrada de informação relativa aos perigos a que a vida na Terra estava exposta. Em paralelo, legislações mais restritivas surgiam no Brasil, associadas a programas de conscientização. Havia ainda um fator decisivo para a nova orientação industrial: o mercado internacional.

Em tempos de globalização, não bastava ter eficiência operacional e bons produtos para obter um lugar ao sol no mercado mundial. Alguns dos principais mercados de Santa Catarina à época, como os países europeus e os Estados Unidos, avam a exigir padrões ambientais elevados de seus fornecedores, em função das exigências de seus consumidores. Surgiu a ISO 14.000, certificação de gestão ambiental.

O conceito de sustentabilidade ganhava corpo com a ideia de integração dos objetivos econômicos com objetivos ambientais e sociais, em razão de sua dependência mútua. O meio ambiente e também o impacto social avam a ser contabilizados nas grandes empresas com o conceito de Triple Bottom Line, em que os negócios consideram a performance ambiental e social da companhia, além da financeira.

A evolução no século 21 para o ESG – sigla em inglês que se refere às práticas de governança ambiental, social e corporativa – marca uma mudança no papel das empresas na sociedade, que am a puxar a agenda por causa dos riscos a que os próprios negócios estão expostos devido à mudança climática, por exemplo. Os maiores fundos de investimentos do mundo estabelecem critérios ESG para influenciar o mercado.

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A FIESC tem promovido eventos de alto nível sobre sustentabilidade nos últimos anos, proporcionando a troca de experiências – Foto: Filipe Scotti

Em Santa Catarina, a indústria se destaca na reciclagem de materiais de vários tipos, de acordo com José Lourival Magri, presidente da Câmara de Meio Ambiente e Sustentabilidade da FIESC. Um exemplo é a reciclagem de EPS, o popular isopor, que é baseada na logística reversa junto a produtores, distribuidores, varejistas e consumidores. Já a indústria de alimentos se notabiliza pela elevação de controles para evitar gases de efeito estufa, como o metano. “Também é destaque o uso racional da água em toda a indústria, que reduz o uso e amplia a reutilização continuamente”, diz Magri.

A indústria teve apoio da FIESC para se adequar aos novos parâmetros. Em 1994 a Federação instituiu a Câmara de Qualidade Ambiental, a primeira no âmbito das Federações das Indústrias, atualmente denominada Câmara de Meio Ambiente e Sustentabilidade. Esse fórum, ao longo dos anos, tem sido um espaço importante para discussão e posicionamentos relacionados ao tema, com grande participação das indústrias catarinenses e entidades relacionadas. 

Em 1995 a FIESC implantou o Programa de Qualidade Ambiental na Indústria Catarinense, em parceria com a UFSC. O projeto Produção Mais Limpa, conduzido pelo IEL/SC, criou uma rede de prestação de serviços especializados para empresas que adotavam práticas ambientalmente corretas. Em 2008 a FIESC lançou o projeto Mercado de Carbono, e posteriormente uma bolsa de resíduos, para a indústria anunciar sua oferta e demanda de resíduos.

Lançado em 2013, o Plano Sustentabilidade para a Competitividade da Indústria Catarinense é um centro de informações estratégicas que apoia, de forma integrada, a adoção de práticas socioambientais pelas empresas. Em 2023 a FIESC lançou a Agenda da Água, já detalhada nesta edição. Um dos projetos mais abrangentes já desenvolvidos pela FIESC é o Hub de Descarbonização, que está em pleno desenvolvimento no Estado para viabilizar uma efetiva economia de baixo carbono.

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