Além da necessidade de ampliar as rodovias existentes e de construir novas, cerca de metade da malha rodoviária existente no Estado precisa de manutenção e restauração urgentes.
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70% da matriz de transporte em SC é representada pelo modal rodoviário – Foto: Leo Laps

O sexto maior PIB do País é gerado no Estado de Santa Catarina, que é o quinto maior pagador de impostos, o que é um feito diante de sua pequena população em relação ao total nacional e à de outros estados muito maiores. Além disso, Santa Catarina detém a segunda posição como estado mais competitivo, atrás apenas de São Paulo, de acordo com o Ranking de Competitividade dos Estados elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP). Diante de números assim, seria aceitável imaginar que o Estado conta com infraestrutura de ponta para garantir seu progresso socioeconômico. Mas a realidade é que a economia consegue crescer apesar das limitações impostas pela infraestrutura, totalmente subdimensionada e sucateada.

“A infraestrutura é nosso maior problema e uma evolução nesta área poderia nos colocar na primeira posição dentre os estados mais competitivos”, afirma Egídio Antônio Martorano, presidente da Câmara para Assuntos de Transporte e Logística da FIESC. “Para isso é necessário planejamento e inovação, com base em escolhas técnicas e de longo prazo”, diz Martorano, que defende a elaboração de um planejamento logístico sistêmico e integrado para Santa Catarina, com ênfase na intermodalidade.

De acordo com pesquisa da FIESC em conjunto com a UFSC, os custos logísticos para a indústria local representam 11% de cada real faturado. Uma desvantagem competitiva em relação ao mercado internacional, com custos logísticos estimados em 8% das receitas. Para além das questões econômicas, Santa Catarina é o estado vice-campeão em acidentes nas rodovias federais e o quarto em número de mortes. Conforme levantamentos da FIESC, mais de metade da malha estadual precisa de trabalhos de conservação, manutenção e restauração nas rodovias federais e estaduais.

Há anos a FIESC avalia as condições das rodovias, acompanha o andamento das obras e desenvolve estudos para apontar as melhores soluções possíveis, informando e influenciando os principais atores com poder de decisão nessa área. A Federação já desenvolveu, por exemplo, propostas baseadas em estudos técnicos para os principais segmentos da malha rodoviária, como o corredor logístico central catarinense, formado pelas BRs 163, 282 e 470, ligando o Extremo Oeste ao corredor litorâneo (BR-101). Por este corredor am 70% das exportações do Estado. Devido aos seus inúmeros problemas, a agroindústria calcula que os fretes locais custam 40% a mais do que deveriam. Propostas incluem desde a intervenção pontual em trechos críticos até a incorporação do corredor como um todo ao planejamento de longo prazo do Governo Federal, para viabilizar concessões em todo o segmento.

Outra bandeira da FIESC é a BR-101, problemática especialmente no trecho Norte. A Federação defende a extensão do contrato da concessionária e a realização de obras que não eram previstas no Plano de Exploração da Rodovia (PER) original. O chamado Extra PER, elaborado pelo Grupo Paritário de Trabalho coordenado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), identificou as obras necessárias para manter razoáveis os níveis de serviço da rodovia ao longo do tempo.

No final de 2024 o Governo Federal finalmente encaminhou a repactuação do contrato, incluindo as BRs 101 e 116 e permitindo a incorporação de algumas obras adicionais. O pacote de obras incluído na proposta do Contrato de Otimização, entretanto, foi identificado pela FIESC como muito insuficiente para deixar a BR-101 com níveis de serviço e de segurança minimamente adequados nos próximos anos. A conclusão tem origem em um estudo técnico contratado pela FIESC, que resultou em um documento apresentado à ANTT com novas sugestões que foram incorporadas na proposta. “Serão necessárias intervenções de impacto muito maior do que as inicialmente propostas”, informa Martorano.

O colapso da mobilidade em regiões como o litoral Norte precisa de respostas arrojadas. Por isso, além de obras para melhorar o fluxo das rodovias já existentes, a FIESC apoia a construção de uma nova via alternativa entre ville e a Grande Florianópolis, paralela à BR-101, mais ao interior: a Via Mar. Com 145 quilômetros de extensão e custo total estimado em R$ 9 bilhões, a obra deve ser conduzida através de parcerias público-privadas. Outras prioridades são a conclusão da duplicação da BR-470 e da BR-280, e a adequação de capacidade das BRs 163, 282 e 285, na região Sul. “No contexto geral da logística de Santa Catarina, no curto prazo as rodovias devem ser priorizadas, pois são responsáveis por 70% da movimentação de carga do Estado. É uma questão emergencial, dada a precariedade e a ineficiência da malha atual”, diz Martorano.

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Diante dos gargalos logísticos, da grande demanda por investimentos e da completa falta de recursos públicos, a FIESC defende concessões e parcerias público-privadas (PPPs) como única forma de superar os desafios de infraestrutura de SC – Foto: Adobestock

Vocação para a intermodalidade

Uma das vocações naturais que o desenvolvimento socioeconômico trouxe para Santa Catarina está na indústria de transformação e na grande movimentação de contêineres em seus portos. Estes fatores aumentam a importância de incrementar e instituir um sistema intermodal de transportes no Estado, incluindo rodovias, ferrovias e navegação de cabotagem. Mas é preciso que o Governo Federal, ainda muito focado no escoamento de commodities, entenda essa vocação catarinense e invista de forma a transformar esse potencial em realidade.

Em um estudo de 2017 do Ministério dos Transportes citado no livro “Proposta para inserção de Santa Catarina no contexto logístico nacional”, do presidente da Câmara de Transporte e Logística da FIESC Egídio Antônio Martorano, fica claro que Brasília ignora grande parte da produção industrial do Estado catarinense em suas propostas estratégicas – priorizando produtos como soja, milho, minério de ferro, automóveis, combustíveis, carnes e açúcar. Santa Catarina necessita de uma infraestrutura de transporte que não apenas leve grãos aos portos para exportação, mas que também permita o suprimento e a distribuição eficiente da indústria local.

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