
Roberto Simonsen, primeiro presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), fundada em 1938, defendia que a indústria não deveria apenas produzir bens, mas também contribuir para o desenvolvimento social e econômico do Brasil. Para ele, era essencial que houvesse uma preocupação genuína com o bem-estar dos trabalhadores e suas famílias, pois somente dessa forma a indústria poderia alcançar um crescimento sustentável e equilibrado. Partiu dessa premissa a criação do Serviço Social da Indústria (SESI), uma instituição voltada para promover a qualidade de vida dos trabalhadores e garantir o a serviços de saúde, educação e cultura.
Em Santa Catarina, o Departamento Regional do SESI começou a funcionar em 1952 e incorporou amplamente a tese de Simonsen. Logo ou a oferecer um serviço reembolsável de medicamentos, diante da dificuldade dos trabalhadores para comprar remédios. As compras eram feitas pelo SESI junto aos laboratórios, e os remédios reados pela metade do preço de mercado. A iniciativa originou a rede de farmácias da entidade, atualmente denominada FarmaSesi, com 77 unidades. Logo se expandiam pelo Estado campanhas de higiene e de prevenção de doenças e atendimento médico e odontológico aos trabalhadores industriais.
Uma ação pioneira do SESI catarinense foi a assistência aos mineiros da região carbonífera no Sul do Estado nos anos 1950. Foi criado um serviço de visitação domiciliar associado a outros serviços que eram oferecidos na região. O trabalho de apoio às famílias era realizado pela ordem religiosa As Pequenas Irmãs da Divina Providência, contratada pelo SESI/SC. As irmãs se instalaram em Criciúma e em sua casa eram oferecidos serviços como enfermagem, assistência médica e farmacêutica.
Unidades do SESI foram instaladas nas principais cidades do Estado, tornando-se referência para os trabalhadores. Atividades de lazer e prática esportiva foram incorporadas em todos os núcleos regionais, com a realização de torneios, além de ações como a formação de bandas de música, parque infantil e bibliotecas, e o início da oferta de educação infantil com a criação de jardins de infância. Em 1967 foi montada uma rede de postos de abastecimento de alimentos, que deu origem a uma rede própria de supermercados, que seria desativada décadas mais tarde.
Os investimentos em programas de saúde, educação e lazer também almejavam criar um ambiente de engajamento positivo no local de trabalho, buscando harmonizar interesses entre patrões e empregados e evitar conflitos e greves em momentos de alta tensão política no País. Posteriormente, a filosofia de atuação do SESI ganhou abrangência ao evoluir da assistência social para a promoção social em sentido amplo, com a oferta estendida de serviços de saúde, educação e alimentação – este serviço extrapolou as fronteiras de Santa Catarina e atualmente mantém mais de 100 restaurantes em empresas de 10 estados.

Nos anos 1990, uma nova vertente se abriu com a estruturação de serviços de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), com programas e soluções voltadas à prevenção de acidentes, promoção da saúde e atendimento a exigências legais, como o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), dentre outras normas editadas na época.
Atualmente, a saúde em uma empresa é vista como fator de competitividade, por qualquer ângulo que se olhe. Na indústria, os gastos diretos com saúde representam a segunda maior despesa com pessoal, atrás somente da própria folha de pagamentos. Estudos modernos apontam que a maior parte dos custos totais das empresas com saúde é gerada pela baixa produtividade e o absenteísmo, que têm origem em doenças crônicas como hipertensão, diabetes e saúde mental. Pesquisas internacionais apontam alto retorno para investimentos na resolução de problemas como esses.
O estado da arte nessa abordagem é o desenvolvimento da plataforma Total Health pelo SESI catarinense. Ela parte do conceito de saúde integral, e se baseia em inteligência de dados para obter indicadores de apoio à gestão e na coordenação de cuidados para atender as necessidades dos trabalhadores de forma integrada e sincronizada.
Em sintonia com os programas de gestão da saúde das empresas, a plataforma entrega resultados como controle dos custos, melhores desfechos para os pacientes e aumento da satisfação dos trabalhadores. “O conceito de saúde integral parte da premissa de que a saúde deve ser tratada como um sistema, e não da forma fragmentada como era tratada até então”, afirma Fabrizio Machado Pereira, diretor de Educação, Saúde e Tecnologia da FIESC.

Liderança à altura dos desafios
Historicamente a FIESC tem papel de destaque nas crises enfrentadas pelo Estado, como as diversas enchentes que assolaram o Vale do Itajaí ao longo das últimas décadas. Na pandemia da Covid-19, iniciada em 2020, a FIESC exerceu uma liderança incontestável, essencial para que a economia catarinense sofresse menos que a média nacional e saísse fortalecida. A FIESC integrou o gabinete de crise montado pelo Governo e articulou medidas para proteger trabalhadores e manter a atividade industrial, com a adoção de protocolos para testes, o uso obrigatório de máscaras, distanciamento social, revezamento de turnos e medidas sanitárias rigorosas, além de desenvolver diretrizes para evitar surtos dentro das empresas.
Quando as vacinas começaram a surgir, a FIESC realizou campanhas de conscientização e disponibilizou sua infraestrutura para aplicação de doses em parceria com prefeituras e órgãos de saúde. Por meio do SESI e SENAI, envolveu-se diretamente na produção de EPIs e respiradores em parceria com indústrias e na fabricação e distribuição de álcool gel e equipamentos médicos. Além disso, atuou na capacitação para o trabalho remoto, digitalização de processos produtivos e na realização de consultorias e treinamentos para a adoção de protocolos sanitários.